Programa do Jô | 05/06 sex 00h15 | Globo | Entrevistas |

Convidados:

  • Emílio Santiago – cantor
  • Zózimo Bulbulator e cineasta
  • Maria do Socorro – rendeira


Emílio Santiago, o cantor acaba de voltar de uma temporada nos Estados Unidos, apresentou-se no Birdland e recebeu uma ótima crítica no New York Times.

Emílio Santiago é elogiado pelo ‘NY Times’

Reprodução

Emílio Santiago

24 Abril 2009
Postado por JORNAL CULTURA VIVA – Link
por Edson Soares

Abaixo, a tradução da matéria que saiu hoje no The New York Times sobre Emilio Santiago e Dori Caymmi:

The New York Times
( 24 de abril de 2009)

Solidez, lado a lado com suavidade
Por Stephen HOLDEN

Dividindo ombro a ombro o palco do Birdland quarta-feira à noite, Emilio Santiago e Dori Caymmi, duas expressões da bossa nova brasileira, se envolveram num íntimo diálogo musical entre o sólido e o suave.
A suavidade de interpretação foi incorporada por Santiago, apelidado de Nat King Cole do Brasil, o qual tem gravado desde os meados dos anos 70 e estava fazendo sua estréia no casa. Dado que sua voz é mais rica e mais profunda que a de Cole, a comparação só se aplica ao fato de que ambos são excelentes intérpretes de baladas. A música de Santiago carrega um lado musculoso de samba.

Caymmi, que toca violão, além de cantar, se mostra sólido, mas uma solidez sensível. Seja partindo da emoção, ou de um certo tique vocal, sua voz vibrava, transmitindo a sensação de um sábio patriarca quase que segurando uma torrente de sentimento. Normalmente, o vocal de Caymmi deslizava suavemente por trás da voz de Santiago como um murmurante comentário, emanando de um lugar mais profundo, como se fosse uma mente inconsciente discretamente se anunciando em segundo plano.

Os dois artistas se apresentam juntos no Birdland ate sábado, como parte do Festival BossaBrasil, numa indicação de que o legado de Antonio Carlos Jobim está mais salvo do que nunca. Músicas de Jobim como “Dindi” e “Corcovado”, as quais Santiago interpretou na primeira parte do show, acompanhado de Sergio Brandão, no baixo, Celso Alberti, na bateria e Cidinho Teixeira no piano, oferecem uma mistura de melodia harmoniosa e um ritmo estável de pop-jazz como qualquer música nacional tem produzido.

A mística apreensão da natureza nestas canções empresta seu romantismo e tristeza, uma dimensão cósmica; a paixão é transitória como uma rápida conexão disponível para o universo, para Deus, se assim posso dizer: um último sinal de vida. Nesse contexto, o canto de Caymmi, simultaneamente viril e frágil, exprime uma humildade e uma maravilha adequadas.

À medida que o show continuava, a banda foi complementada por Hendrik Meurkens, um excelente músico de harmônica. O repertório se alternava entre baladas e sambas semi-secos, com ênfase no suave e no sonhador. A apresentação incluiu uma rendição à “Foolish My Heart”, interpretada em inglês por Santiago, e culminada com a inevitável “Garota de Ipanema”.

Na interpretação curta e radiante de Emilio Santiago, o narrador não era um adolescente encantado com uma bela garota de Copacabana, mas um homem vigoroso celebrando a abundância de vida, o prazer da beleza e da intensidade do desejo.

BossaBrasil continua até sábado no Birdland, 315 West 44th Street, Clinton; (212) 581-3080, birdlandjazz.com


Zózimo Bulbul, ator e cineasta. Foi um dos ícones negros nos anos 60, participou de filmes de diretores do Cinema Novo, como Glauber Rocha, Cacá Diegues e Leon Hirzman.

Historia de sucesso
Revista Raça Brasil Link
Zózimo Bulbul
Cineasta com muitas idéias na cabeça e uma câmera na mão

Ele é um dos ícones negro dos anos 60 por suas interpretações na tevê e no cinema. Na telinha, foi o primeiro protagonista negro de uma novela brasileira, fazendo par romântico com Leila Diniz em Vidas em Conflito. Além disso, foi também o primeiro manequim negro masculino de uma grife de alta costura. Além de todo o pioneirismo que envolve seu nome, Zózimo foi um dos principais atores dos filmes produzidos no movimento do Cinema Novo. Como ator, iniciou a carreira em produções teatrais do Centro Popular de Cultura (CPC) da UNE, passando por participações importantes em clássicos do Cinema Novo de diretores como Glauber Rocha , Cacá Diegues e Leon Hirzman. Um dos destaques na carreira cinematográfica foi em Compasso de Espera. Ele fazia par romântico com uma branca rica, interpretada pela atriz Renèe de Vielmond. O personagem era um poeta negro que convivia com problemas existenciais por causa do preconceito do qual era constante vítima. Além de ator, Zózimo já realizou trabalhos como diretor e roteirista. Seu mais famoso filme como diretor, Abolição, marcou o centenário da Abolição da Escravatura no Brasil, descrevendo várias situações enfrentadas pelos afrodescedentes brasileiros até hoje.


Maria do Socorro, ela tece rendas desde criança no interior do Piauí, são as chamadas rendas de bilro, vai tecer durante a entrevista.

A renda de bilros é tecida sobre uma almofada sobre a qual se fixa um cartão perfurado segundo um desenho que serve de orientação à rendeira.

Cada desenho requer uma quantidade de bilros, que são sempre trabalhados aos pares. Assim, diz-se que uma renda requer 24 pares de bilros, ou 86 pares de bilros, por exemplo.

O bilro é uma peça de madeira constituída por uma haste com extremidade esférica ou em formato de pera. Em Morros da Mariana, Piauí, os bilros são feitos de madeira sabiá e as extremidades em noz de tucum, uma palmeira existente na região. Os fios são enrolados na ponta de cada bilro, numa operação denominada “encher o bilro”.

As almofadas são feitas pelas próprias rendeiras em chita ou outro tecido, e recheadas de palha de arroz. Apóiam-se sobre suportes de ripas de madeira chamados grades.

Os fios que constituem a renda vão sendo entrelaçados à medida que se manuseiam os bilros em movimentos circulares, uns em torno dos outros, sempre aos pares, num constante “trocar”.

Os pontos executados, sempre seguindo o desenho, vão sendo presos à almofada por intermédio de alfinetes.

É um trabalho que, por sua delicadeza e complexidade, demanda muito tempo para progredir, podendo uma peça levar de semanas a meses para ser concluída.